quarta-feira, 29 de novembro de 2006

Perguntas sobre…Muros

Faz este mês, precisamente 17 anos, da queda do muro de Berlim. E por isso, se calhar é boa altura para pensar nos Muros. Os muros que constroem à volta de tanta coisa e os muros que nós próprios construímos à volta da nossa vida! Tal como a história nos mostra, todo o homem quando não consegue controlar determinado aspecto, constrói muros à volta do problema, mais do que dividir, interessa isolar e separar de si aquilo que lhe trará conflitos.
Mas afinal de que adiantam estes muros? De que adianta fugir do problema, ignorando-o durante determinado período de tempo? Ajudará o tempo a ver as coisas de outro modo? Ou poderá fazer com que o problema, ao fim deste período já não o seja! Quantos muros tens dentro de ti? Quantas vezes escolhes o fugir, o isolar o problema, para que determinado assunto não entre em conflito contigo? A história também nos mostra que o melhor modo de resolver o problema em si, é enfrentar a situação…é quebrar muros, saltar barreiras…saltar as tuas barreiras. Costuma-se dizer que os mais novos, os jovens é que têm, força e capacidade para ultrapassarem os seus limites, para experimentar, saltar…gritar! E tu, jovem (mesmo que tenhas 65 anos de idade ou mais…) ainda sentes essa força dentro de ti! Ainda sentes a vontade de salvar uma fonte contaminada…vontade de fazer parar o crescimento do buraco de ozono … vontade de “tirar” o sofrimento a quem o tem? Se assim é, dou-te os parabéns, porque é sinal de que na tua vida não tens muitos muros construídos, e continuas com o espírito aberto ao mundo, sinal de sensatez, sensibilidade mas principalmente de Humanidade.
Não nos deixemos iludir. ou convencer de que quantos mais velhos ficamos, mais adultos sisudos e sérios temos de ser para conseguir uma vida cheia de sucesso….convencemo-nos sim, que a vida tem de ser levada a sorrir, e isso só tem sentido se fores capaz de fazer sorrir..de fazer viver…de construir em teu redor: vida, e não muros. Espontaneidade, é apalavra chave para isto tudo. Ser espontâneos responsáveis…e deixarmo-nos sempre sentir que somos jovens com a força e vontade de que com as nossas mãos podemos mudar o mundo…e claro está, podemos e devemos começar pelo nosso. Não nos deixemos adormecer! A vida é curta demais para andarmos constantemente em obras com muros…

E agora um pouco de História:

“O Muro de Berlim foi uma realidade e um símbolo da divisão da Alemanha em duas entidades estatais, a República Federal da Alemanha (RFA) e a República Democrática Alemã (RDA). Este muro, além de dividir a cidade de Berlim ao meio, simbolizava a divisão do mundo em dois blocos ou partes: Berlim Ocidental (RFA), que era constituído pelos países capitalistas encabeçados pelos Estados Unidos da América; e Berlim Oriental (RDA), constituído pelos países socialistas simpatizantes do regime soviético.
Construído na madrugada de 13 de Agosto de 1961, dele faziam parte 66,5 km de gradeamento metálico, 302 torres de observação, 127 redes metálicas electrificadas com alarme e 255 pistas de corrida para ferozes cães de guarda. Este muro provocou a morte a 80 pessoas identificadas, 112 ficaram feridas e milhares aprisionadas nas diversas tentativas de o atravessar.
O Muro de Berlim caiu no dia 9 de Novembro de 1989, acto inicial da reunificação das duas Alemanha, que formaram finalmente a República Federal da Alemanha, acabando também a divisão do mundo em dois blocos. Muitos apontam este momento também como o fim da Guerra fria.
Actualmente, o governo de Berlim incentiva a visitação do muro derrubado, preparando a reconstrução de trechos do muro. Além da reconstrução de alguns trechos, a intenção é marcar no chão o percurso que o muro fazia quando estava erguido.
Porquê a construção do muro.
Desde o estabelecimento da RDA, grande número de cidadãos emigravam à RFA. O fluxo de refugiados passava principalmente por Berlim, porque a divisa Oeste à RFA já era rigidamente controlada na época, em procura de desertores da república e contrabandistas. O comércio de produtos alimentares, comprados na Alemanha Oriental e vendidos na Alemanha Ocidental, era muito lucrativo para pessoas que viviam ou trabalhavam em Berlim Oeste, mas enfraquecia o sistema de economia planificada do Leste. O bloqueio total das divisas por meio da construção dum muro então devia deter o fluxo de pessoas saindo do Estado dos Trabalhadores e Fazendeiros.”

Podes vender-me uma hora do teu tempo?

Com uma voz tímida e com os olhos admirados, o pequeno rapaz pergunta ao seu pai que chegou do trabalho:
- "Papa, quanto ganhas tu à hora?"
Muito surpreso, o pai atira um olhar ao seu filho e responde:
- "Ouve, filhinho, mesmo a tua mãe não sabe. Deixa-me um pouco tranquilo. Tive um dia sgotante, estou cansado."
- "Anda, Papa, diz-me. Quanto ganhas tu numa hora de trabalho?"
Finalmente, o pai responde duramente:
- "30 Euros à hora, os nossos amigos de Quebeque diriam 40 dólares."
- "Papa, podes emprestar-me 15 Euros?" pergunta a criança.
Mostrando a sua fadiga e o seu nervoso, o pai zanga-se:
- "Era por isso que querias saber quanto ganho à hora?
Para te emprestar dinheiro! Anda, vai dormir e pára de me enervar!"
À noite, o pai repensou no que tinha dito ao seu filho. Se calhar ele queria comprar qualquer coisa de importante para ele, ou dar um presente à mãe? Para estar em paz com a sua consciência, ele vai ao quarto do seu filho ver se ele já dorme.
- "Tu já dormes, filhinho?"
- "Não papa, porquê?"
- "Tens aqui o dinheiro que me pediste" diz o pai.
- "Obrigado, oh obrigado papa!" O rapaz põe a sua mão debaixo da almofada e tira 15 Euros.
-"Agora, tenho o dinheiro suficiente! Agora tenho 30 Euros!!!"
O pai olha para o filho, admirado, e não compreende a sua alegria.
- "Papa, podes vender-me uma hora do teu tempo?"

Obrigada Meu Deus, por velares pelos filhos Teus.

Pelas criancinhas, como avezinhas,
A voar libertas, de asas abertas,
Que vão e vêm
Para os braços da Mãe.

Pelos adolescentes,
Que passam contentes, de olhar sonhador!
Com alguma rebeldia, espalham a alegria,
Pensando na magia,
Como tornar o mundo melhor!

Pelos jovens que seguem em linha recta,
Afim de atingirem a meta
E o seu sonho realizar.
Pelos que escolhem a seta,
Que não os conduz em linha recta,
Mas que lhes indica uma estrada sinuosa,
Tornando a sua viagem perigosa,
Com obstáculos difíceis de ultrapassar.

Pelos adultos que deixaram de acreditar.
Por aqueles que andam sempre apressados,
Com o trabalho, dos filhos afastados,
Sem tempo para lhes dedicar…

Pelos idosos que sofrem com a solidão.
Pelos que, no seio da família, sentem a rejeição.
Enfim, por todos os que vivem sem amor…
Velai por eles Senhor!

Uma Experiência com o Computador


No dia 1 de Outubro, com o intuito de celebrar o “Dia do Idoso” o grupo de jovens organizou na Casa da Juventude (edifício da Junta de Freguesia) uma actividade que permitisse às pessoas pertencentes a esta faixa etária (mais de 65 anos), ter uma pequena experiência com um computador. Tal actividade consistia numa pequena pesquisa pela Internet e no preenchimento de um diploma simbólico que servisse de lembrança.
Contudo, possivelmente devido a chuva intensa que caía naquela manhã e à fraca divulgação, a adesão foi má. Já estava perto da hora do término da actividade quando surgiu a Sra. Rosa, a única participante.
Apesar de não ter corrido como o previsto, talvez se volte a realizar uma actividade do género numa altura mais propícia, a qual terá contudo, de ser mais publicitada.

Concurso de Sopas 2006

No dia 30 de Setembro e 1 Outubro realizou-se os festejos em honra de São Miguel.
No sábado, já pela manha algumas equipas começaram a decorar as barraquinhas e logo depois do almoço 20 equipas começaram a confeccionar os 40 litros. Mas o grupo de jovens “Os Samaritanos” não cumpriu com os 40 litros exigidos pelo regulamento, mas sim, com cerca de 160 litros (mais 40 litros do que o ano anterior) “famosas” papas de vinha d’alho, isso porque todos os anos verifica-se uma grande afluência, que até fila se forma!!!
Como sabemos, todas as equipas são vencedoras pela participação, mas só uma é que é mesmo vencedora e este ano foi a Girassol. A noite terminou com o grupo musical “Os Filhos da Torre”. No domingo de tarde houve às 15h o lançamento das catequeses que chamou muitas crianças e pais que aproveitaram para participar na procissão.

Obrigado a todas as pessoas que tornaram este evento possível.

Fátima 2006












Nos dias 9 e 10 de Setembro, realizou-se no santuário de Fátima o encontro nacional do movimento dos convivas fraternos.

No sábado, às 7h10m, o autocarro partiu de Souto em direcção à Figueira da Foz, onde fez-se um paragem para tomar o habitual pequeno-almoço. Depois seguimos para a praia de Pedrógão e fomos passear, esticando as pernas pois sabemos que são muitas horas a andar de autocarro. Da praia de Pedrógão paramos numa mata, frente dos bombeiros voluntários de Leiria, onde almoçamos e reforçamos as nossas energias para mais algumas horas, rumo a Fátima.
Às 14h25m chegamos a Fátima, onde se pode participar nas actividades propostas pelo movimento dos convivas, orando, cantando e reflectindo “com Maria, caminhamos na luz”.

No domingo depois de uma noite muito calma, dispersamo-nos para tomar o pequeno-almoço e comprar lembranças. Às 11h participamos na celebração da eucaristia no altar do recinto, com a invocação a Nossa Senhora e procissão do adeus.
O regresso a casa fez-se por volta das 15h45m com uma paragem no parque de lazer, na Cúria, desfrutando do sossego e da bela paisagem. Chegada a São Miguel de Souto às 19h30m.
Agradecemos a presença de todos nesta peregrinação e até para o ano… “se Deus quiser”.

Chegar, ver e... Respeitar

Deu-se início à nova época de actividades do Grupo de Jovens, após um período de férias, com a realização do acampamento paroquial.
Este ano, a iniciativa revelou-se frutífera, uma vez que se reforçaram vontades de permanência, no Grupo, da parte dos que já o frequentavam, e acima de tudo serviu de incentivo a jovens que ainda não faziam parte dele. Estamos muito satisfeitos.

O conceito de grupo engloba regras que devem ser cumpridas, para que um todo funcione como unidade. Neste aspecto, o respeito é palavra-chave.
Quando as regras são quebradas, o equilíbrio do grupo é afectado, e todo o trabalho é influenciado, causando desordem.
Porque é, para alguns, tão difícil cumprir regras? Porquê ameaçar a estabilidade de um grupo? Porque se corre riscos desnecessários, transgredindo as regras? Chama-se a isso irresponsabilidade. Mas eu prefiro chamar… imbecilidade!
Os valores presentes numa equipa – partilha, sacrifício, respeito, ordem, trabalho, entreajuda, união, iniciativa, compreensão, amizade… - devem permanecer sempre em cada acto ou palavra que tenhamos. Quem não tem espírito de grupo, quer dizer, quem não tem incutidos em si os valores de um grupo, auto exclui-se dele…
Devemos fazer do grupo um “instrumento” útil e credível, e não, um “empecilho” que só nos dá chatices e mau estar.

Este é um conselho aos “novos” jovens que entrarão no Grupo de Jovens e um alerta ao “velhos” jovens. Mas não só. Isto aplica-se a tudo o que nos rodeia.

Apenas, para que sejamos um pouco mais respeitadores e responsáveis. Não seremos assim melhores pessoas?

Acampamento São Jacinto, 2006 - Um novo arranque








O Grupo de Jovens iniciou o novo ano pastoral de uma forma diferente.
Este ano, decidido a quebrar a rotina o Grupo de Jovens iniciou o ano pastoral com a actividade que o costuma encerrar, o Acampamento Paroquial. Prevê-se um ano de mudança, de crescimento, cheio de convívio e animação, sem nunca perder a sua direcção: evangelizar e sermos “Os Samaritanos”…
Essa mudança foi vincada na nossa primeira actividade, o acampamento, substituindo o ar da Serra da Freita, pelo ar de São Jacinto. Este ano decidimos quebrar a rotina e trocar a serra, pelo oceano. Porém, nem mesmo trocando a localização São Pedro decidiu apresentar-nos um bom tempo. O número de dias de acampamento também foram apenas dois e, por isso, a partida foi bem cedinho.
Deixamos a nossa freguesia por volta das 8h30m em direcção ao nosso destino e à medida que nos aproximávamos dele, verificávamos que o nevoeiro iria estar presente. Assim se sucedeu, o nosso fim-de-semana de 2 e 3 de Setembro foi aconchegado pelo nevoeiro.
Depois de conhecermos as instalações e as suas regras fomos montar as barracas, após a qual nos dividimos por grupos de trabalho através de um jogo muito saboroso de olhos vendados.
Durante o fim-de-semana tentamos aproveitar o tempo para nos divertir e animar, indo à praia, cantando, jogando diversos jogos tais como futebol, voleibol, cartas… aproveitamos também o tempo para reflectir sobre diversos temas, alguns mais relacionados com o próprio grupo e outros, nem tanto… e tentamos aproveitar a noite para repousar o que nem para todos foi fácil, uma vez que aparentemente devemos ter montando tendas por cima de formigueiros.
Uma vez que o São Pedro não estava para nos prestar muita ajuda, decididamente o nevoeiro não nos largava, decidimos voltar para a nossa freguesia um pouco mais cedo. Porém, não era assim que o nosso destino estava traçado e devido a um acidente que obstruiu a estrada entre São Jacinto e Torreira fizemos uma paragem num parque na ria, para assim convivermos e empatarmos um pouco mais de tempo.

Tendo chegado à freguesia mais tarde que o previsto “Os Samaritanos” terminaram assim o acampamento, que pela minha opinião foi um dos melhores dos últimos anos… talvez pela mudança de ares, ou pela organização de diferentes actividades…O que é certo é que se este ano continuar com a mesma força e espírito que começou, certamente será de lembrança tanto para “Os Samaritanos” como para toda a população!

O Código Da Vinci e os códigos da vida

Nestes dias, as Igrejas cristãs de tradição antiga se preparam para a festa de Pentecostes que celebra a vinda do Espírito de Deus para fecundar todas as culturas e tornar os discípulos de Jesus capazes de compreender os diferentes idiomas e linguagens da humanidade. É a base da vocação para o diálogo com o diferente e a unidade. Por isso, é estranho que, exactamente nestes dias, no mundo todo, apareçam grupos de cristãos e pastores fazendo campanha contra o romance "O Código da VINCI" do escritor Dan Brown e o filme dirigido por Ron Howard, inspirado no livro. Penso que estas campanhas contêm vários riscos e enganos. Podem até se transformar em peça favorável à obra que querem atacar. Dizem que as informações do romance sobre o cristianismo e as origens da Igreja são todas mentirosas. No entanto, negam com tanta força as afirmações do livro que parecem aceitar a tese do autor de que se os tais segredos contidos no romance fossem descobertos, destruiriam a fé cristã. Colocam-se, assim, no mesmo nível do escritor em seu fundamentalismo. A diferença é que Dan Brown se propôs a escrever um romance e não a reconstituir a história. Os tais cristãos que pensam defenderem a fé atacando O Código da VINCI, além de fazer propaganda da obra, ao reduzir a fé a certas expressões históricas do dogma, testemunham uma fé fechada e rígida. Esta imagem negativa do cristianismo só os cristãos podem dar.

Para quem não leu o livro e não viu o filme é difícil resumir a complexa trama do romance. Um director do Museu do Louvre é descoberto assassinado. Junto ao corpo, se encontram estranhos códigos, escritos com seu sangue. A polícia francesa pede a ajuda de Robert Langdon, norte-americano, professor de simbologia religiosa, que acaba se tornando suspeito. Robert e Sophie, neta da vítima, saem como detectives, por vários países da Europa, atrás do segredo ali contido. Descobrem que o avô de Sophie era um dos líderes do "Priorado de Sion", sociedade secreta a qual teria pertencido Leonardo da VINCI e que tem como meta proteger um segredo milenar. Este crime, como outros, teria sido cometido pela Opus Dei, associação católica tradicionalista, que faz tudo para impedir que se descubra a verdade, há dois mil anos, ocultada pela Igreja: Jesus Cristo foi casado com Maria Madalena. Era um simples homem que, no século IV, o imperador Constantino teria divinizado. De fato, após a sua crucifixão, Maria Madalena, grávida de Jesus, teria migrado para a França e ali tem descendência, sendo que até hoje existe ali uma herdeira sua.

Actualmente, no mundo inteiro, comunidades cristãs da América Latina, África e outros continentes sentem a necessidade de "desocidentalizar" o cristianismo, ou seja, que se expresse a fé cristã de um modo novo, mais apto a tocar no coração da humanidade pluralista de hoje. Historiadores e teólogos sabem que foi sob pressão de imperadores e de conjunturas políticas pouco evangélicas que alguns dos Concílios antigos formularam importantes dogmas da fé cristã. É verdade que os imperadores antigos se utilizaram do cristianismo e grande parte da hierarquia eclesiástica da época se deixou utilizar politicamente para conquistar o poder em nome de Deus. É verdade também que o imperador Constantino teve forte influência na afirmação dogmática do Concílio de Nicéia (315) sobre a natureza divina de Jesus. Mas, não é verdade que tenha "inventado" a divindade de Jesus. A fé de que, de alguma forma, Jesus é o Filho de Deus vem de tempos antigos. Apoia-se em afirmações dos Evangelhos que, embora tenham significado mais simples, permitem esta interpretação. Hoje, várias correntes da Teologia estão aprofundando e propõem uma nova forma de compreender a pessoa de Jesus e sua unidade com Deus.

Conforme o que se percebe no romance, parece que uma possível relação amorosa entre Jesus e Maria Madalena seria a prova de que este é simples homem e não Deus. Ora, desde os primeiros séculos, a maioria dos cristãos professa que se Jesus é divino, o é justamente por ser totalmente homem. A oposição entre ser divino ou humano não existe. Muitos dos que entram nesta polémica não percebem esta contradição. Ao negar que Jesus pudesse ter vivido uma relação matrimonial com Maria Madalena pelo fato de ser Filho de Deus, reforçam uma visão sobre a divindade de Jesus que a Igreja cristã nunca aceitou. A questão se Jesus foi casado ou não com Maria Madalena pode ser discutida em termos históricos, (não existe prova de tal relação), mas não se pode negar esta tese, porque se ela fosse verdadeira, Jesus seria menos santo ou menos divino.

No ponto de vista histórico, as alusões a uma possível relação amorosa entre Jesus e Madalena se baseiam em manuscritos descobertos em 1948 em Nag Hammadi (Egipto). São textos originários de seitas gnósticas (hoje diríamos esotéricas) dos séculos II e III. Entre eles, o chamado "Evangelho de Filipe" chama Maria Madalena de "a companheira do Senhor" e diz que Jesus a beijava na boca. Nestes textos antigos, tais informações têm um sentido bem diferente da que ganham ao ser lidos, hoje. Os gnósticos queriam superar os limites da corporalidade para ser mais espirituais. Para eles, a união entre o masculino e o feminino era vista como superação da divisão corpórea. Jesus e Madalena eram exemplos desta integração. O beijo na boca era como uma senha do grupo. Era sinal da comunicação da sabedoria interior. Dizer que Jesus beijava Madalena na boca era a forma de dizer que Jesus pertencia ao grupo deles e Maria Madalena era depositária privilegiada da sabedoria comunicada por Jesus.

O livro aborda questões que a Igreja deve olhar com mais atenção, como a integração entre o masculino e o feminino e o consequente lugar da mulher na Igreja. Dan Brown nos recorda que, nos primeiros tempos do cristianismo, algumas comunidades viviam isso de forma mais feliz. Maria Madalena era símbolo da comunidade cristã. Esta comunidade vive com Deus uma aliança de amor, simbolizada na relação entre o homem e a mulher. O próprio evangelho de João conta o encontro de Madalena com Jesus no jardim do sepulcro, na manhã do domingo, recorrendo a palavras do Cântico dos Cânticos, quando este narra a busca erótica da amada pelo amado (Ct. 3). A tradição ocidental confundiu a figura de Madalena com a da mulher adúltera e com a pecadora que unge com lágrimas os pés de Jesus em Betânia. Marcos e Lucas chegam a dizer que Jesus teria expulsado dela sete demónios (Mc. 16, 9 e Lc. 8, 2). Mas, nenhum evangelho ou texto antigo a chama de prostituta.

O que mais me dói nessa história não é o que está atiçando a ira da maioria dos crentes. Entristece-me que a fé cristã continue associada a nobres e cavaleiros de guerra e não a pessoas consagradas à paz e grupos empenhados em tornar este mundo melhor. Entretanto, isso Dan Brown não inventou. Ainda temos no mundo um cristianismo ligado à cultura de guerras, conquistas e segredos de corte. Em tal atmosfera, fica fácil fazer romances de mistério. São muitos os que pululam por aí, sobre lendas do Santo Graal, Irmandade do Santo Sudário e outros.

Na realidade, o tal Priorado de Sion nada tem a ver com cavaleiros medievais. Foi criado em 1961, por Pierre Plantard, francês que, para conquistar credibilidade, inventou documentos que o ligariam à dinastia dos merovíngios e o Priorado de Sion a ordens medievais. A pesquisa histórica descobriu que os documentos eram falsos, mas a fantasia agradou a muita gente. Quanto à Opus Dei, existe e é poderosa na Igreja e no mundo. Os crimes narrados no romance, atribuídos à Opus Dei são ficção. Entretanto, ao mostrar a relação entre fanatismo religioso e assassinato, o romance permite uma análise justa sobre fundamentalismos actuais, responsáveis por muitas das guerras que dilaceram o mundo.

O romance é comercial e o filme mais ainda. Entretanto, atraem multidões porque criam uma cumplicidade com as pessoas em procurar ver o humano – masculino e feminino – presente em Deus. O Código da VINCI faz com que muita gente, há tempos, desinteressada por qualquer assunto religioso, novamente aceite se interrogar sobre a fé e a espiritualidade. Insistem em discutir os fundamentos do cristianismo, o que pode não ser fiel ao dogma, mas é saudável para a busca espiritual.

Mesmo se muitas das informações do romance não têm consistência histórica, somos sempre convidados/as a prosseguir a busca, como a de Maria Madalena perguntando por Jesus no jardim da ressurreição ou como a da esposa do Cântico dos Cânticos que procura o esposo na noite escura da vida. Certamente Deus prefere ser procurado assim do que ser afirmado com a frieza do dogmatismo que não aceita discussões.

SER ou FAZER?

Ainda referente ao passado mês de Junho, fiquei eu de escrever um texto sobre o dia da criança e ai surgiu uma pergunta: afinal o que é ser criança? Poderia muito bem, fazer uma pesquisa na Net sobre o tema, que nem sequer precisava ser muito intensiva, mas qual seria o resultado? Um texto sem fundo, um texto com um reflexo anónimo! Ainda durante a reunião do grupo de jovens, passando os olhos a cada elemento e pensando sobre o que deveria escrever: decidi escrever sobre nós… os jovens crianças de Souto e todos aqueles que mesmo sem saber, ou sem querer fazer caso, ainda são crianças!
Afinal o que é ser criança? É agir sem pensar nas consequências? Ou pelo contrário? Agir sempre, pensando conscientemente no possível benefício que isso trará para si? É procurar fazer tudo o que nos der alegria e satisfação? Qual é o adulto que já não pensou assim?
Ou é ser capaz de esboçar um grande sorriso só para que o outro sinta alegria ao nos ver felizes? É fazer tudo e mais alguma coisa para se sentir Feliz, mas principalmente amada? É dizer que Ama, que está feliz, sempre que lhe apetece?
Afinal, o que separa o adulto da criança? Eu acho que é uma película muito fina, que a qualquer momento pode ser quebrada, basta querer… e sabem me dizer como se chama essa película? Eu arrisco: Sociedade! Afinal, quem nos faz adultos é a sociedade. Todas as regras a que estamos sujeitos e que temos de respeitar escrupulosamente, se queremos ser respeitados como adultos e se queremos fazer vida de adultos. Mas até que ponto somos capazes de nos esconder nessa sociedade? É certo, que não é o quebrar as regras que nos vai fazer diferentes, ou melhores que os outros, mas sim entender e saber usufruir de todas essas regras. Uma vez ouvi dizer que: “A felicidade não está naquilo que nos faz falta, mas sim no bom uso daquilo que temos”. E a meu ver é verdade. Não é a quebrar as regras que vamos ser mais felizes, mas sim utiliza-las e respeita-las do modo correcto.
Fazer tudo com e para o amor. Afinal o ser criança, resume-se ao Ser Amor, ao ser capaz de em todos os gestos sentir amor… E nós jovens? Ainda somos capazes de sentir esse amor? Ainda somos capazes de fazer sentir ao outro esse amor? Não falo de amor de namorados, esse é mais banal dizer que sentimos. Falo do teu amor para com todos os que te rodeiam. Ainda somos capazes de durante as nossas reuniões do grupo de jovens, ou durante uma actividade qualquer, sentir que estamos ali por amor e que todos são precisos? Ou isso já nos passa ao lado, pois temos de ser adultos? Porque não podemos falhar e temos muita coisa para fazer e o que interessa é fazer?
Fazer. Outra característica de ser Adulto… se calhar a característica que melhor o define. Enquanto que a criança resume-se apenas a Ser. Adulto, o fazer bem e cada vez melhor. “Fazer bem e faze-lo bem, é um duplo bem”? Claro que sim. É essencial cada vez que fazemos qualquer coisa procurar a essência e o porquê de estarmos a faze-lo. Mas afinal, porquê que o fazemos? Porque estamos a servir os outros? Porque temos de servir e se não o fizermos somos então apontados como pessoas que não cumprem? E onde se pára? Até que ponto se tem de levar ao fim algo que já não te sentes bem a fazer? Claro que temos de ser responsáveis em tudo (é isso ser adulto), mas tudo tem alternativa (se calhar até mesmo a morte, só depende de como a encaramos). Costuma-se dizer que num grupo, não há ninguém insubstituível… não concordo! Todos somos insubstituíveis. E é preciso ter sempre isso bem claro! Claro que sem esta ou aquela pessoa pode-se fazer tudo que até aqui se fazia, mas se ela está, é porque faz falta! Então porque não mostrar o valor dessa pessoa? Porque não mostrar que somos crianças, sempre que somos capazes de fazer sentir os outros amados, e adultos ao mesmo tempo, sempre que somos capazes de ter maturidade suficiente para nunca deixar de o mostrar.
Sempre me ensinaram que não se deve fazer nada à espera de agradecimentos: SIM! Não se deve fazer nada só por interesse ou para que os outros vejam que és importante, deves faze-lo porque te sentes bem, e chegas mesmo a sentir necessidade de ser útil aos outros. Mas então quando é que o adulto dá lugar à criança…e mostra o afecto, o gesto de carinho, que tão gratificante se torna! Quando é que fazemos isso? Quando, por qualquer motivo, perdermos a pessoa em questão? Quando tivermos que ir todas as semanas levar flores à campa?
Sejamos adultos o suficiente para não esquecer nunca que crianças fomos, voltaremos a ser, mas principalmente, sempre seremos! E o Ser mais adulto, é nunca esquecer que somos pessoas livres, mas que vivemos rodeados de uma sociedade que muitas vezes nos inibe, nos retrai e na maior parte das vezes nos faz esquecer que sempre seremos uma criança! Ri sempre que te apetecer, se tiveres no trabalho e soltares uma gargalhada, de certo que muitas mais pessoas se vão rir, isso não é bom? Grita, canta, salta… solta-te! Sê criança! Não tenhas medo do ridículo… Ridículo é continuarmos com estas máscaras rígidas que nos impedem de ver o mundo com outros olhos…os olhos de ser criança!

"Pic-Nic" na Murtosa







Verão Cultural 2006












Ciclopaper

Como em todas as actividades proporcionadas aos soutenses, este ano a afluencia ao Ciclopaper pecou por escassa. Apenas sete equipas alinharam à partida, que se deu no Largo da Igreja, em Souto.
O trajecto era um pouco longo e árduo, embora com poucas paragens, mas todos os participantes mostraram empenho e conseguiram terminar a prova.
Nos vários pontos de passagem, os concorrentes teriam que completar uma prova, na qual amealhavam pontos e perdiam/ganhavam tempo, conforme o sucesso obtido nessas mesmas provas. Desde questões de cultura geral a procurar uma bolacha num recipiente com água e farinha e culminando num divertidíssimo jogo das tábuas – os quatro elementos da equipa teriam que caminhar em conjunto com os pés em cima de tábuas e percorrer um pequeno percurso de quinze metros – tudo serviu de animação.
O final deu-se nos moinhos do Rio Novo em Cabomonte/Tarei. Aí juntaram-se todas as equipas, onde houve um pequeno convivio. A boa disposição reinou e era altura de consagrar os vencedores.
A equipa “Super Cansados” foi a vencedora, à justa, o que indica a qualidade da prova.
O Grupo de Jovens agradece a todos os participantes, e congratula a equipa vencedora.
Os prémios de presença foram oferecidos à partida, enquanto que os “Super Cansados” receberam os louros na Feira de Artesanato.
Esperemos que para o ano a participação seja bastante maior, para que esta actividade não seja “condenada à morte!”

Feira de Artesanato

O grupo de Jovens, como tem vindo a acontecer nos últimos anos, organizou a feira de artesanato, que decorreu no fim de semana de 15 e 16 de Julho.
Esta é uma das maiores actividades que Os Samaritanos organiza, e acredito que tal como todas as outras tem crescido e ainda tem muito para crescer, mas estamos de parabéns, pois não sendo uma associação, nem tendo fins lucrativos com as actividades temos organizado muitos eventos na nossa freguesia.
Voltando ao título deste artigo, a feira de artesanato tem vindo a aumentar e a melhorar de ano para ano, e neste não foi diferente. Comparativamente neste ano tivemos mais barracas, por volta de 30, e o tipo de artesanato exposto foi mais diversificado o que contribui para um melhor ambiente. Também é de referir que a animação melhorou, pois também foi mais diversificada o que atraiu mais pessoas. Porém, tal como o ano passado, e como tem acontecido evento após evento, o tempo não nos ajudou muito. O excesso de calor afastou as pessoas levando-as até à praia, ou deixando-se repousar nas suas casas frescas…
Este ano a aderência de participantes nas barracas de fora da nossa freguesia aumentou, e espero que tenham apreciado.
Uma novidade na animação da feira foi o desfile com roupas recicladas que mereceu a tenção da grande parte do público. Esperemos que esta tenha incentivado todos para a importância da reciclagem! E quero agradecer a todos os que conseguiram tornar a ideia em realidade.
Os participantes chegaram de manhã, para decorarem e organizar as suas barracas. A feira abriu no início da tarde do dia 15, com a presença do Presidente da Junta e do Vereador da Cultura e prolongou-se até às 24h. Reabriu no dia seguinte às 8h30 encerrando-se por voltas das 22h. Foram dois dias de festa nos quais a população aderiu com boa afluência. Esperemos que no próximo ano esta ainda seja maior, e que a afluência de pessoas vindas de outras freguesias e de outros concelhos também aumente para assim poder ser possível tornar esta feira cada vez melhor.
Não dizendo nomes para que não me esqueça de nenhum, queria agradecer a todos os participantes, aos colaboradores, aos grupos que nos animaram a festa, a todos aqueles que tornaram esta feira possível e, claro, a todo o público, pois sem todos vós esta feira não seria possível.
Obrigado!

Somos deste mundo

Durante este mês, o futebol será o principal responsável pelo auge de vários sentimentos. Injustiça, frustração, esplendor, alegria, paixão… O que torna o Campeonato do Mundo mais bonito, somos nós, reunidos. Todo o Mundo reunido. A sofrer pela mesma causa.
Seria neste espírito, num espírito que não existe no Mundo, que gostaria de viver. O Mundo da união, da esperança e do sofrimento, para se atingir um objectivo. Este Mundo, o de hoje, já não tem esta união. Ao menos com o futebol dêmos as mãos e choremos todos pelo mesmo!

Dia 1 passado, foi o dia de todos nós. O Dia da Criança. Todos sabemos que as crianças são o melhor desta vida, e que apenas o proporcionar de um sorriso infantil, provoca-nos uma imensa alegria. Mas quantas crianças não têm este sorriso? Enquanto está a ler este artigo, centenas de crianças morrem sub nutridas e com doenças horríveis. Outras estão a trabalhar, outras são exploradas sexualmente, outras sofrem violências de várias espécies. E poderia estar aqui a escrever muito mais… Dá que pensar, não dá? Que Mundo é este que não respeita os direitos das crianças? Não é o Mundo que gostaria de ter. O que posso fazer? Muito pouco. Mas aquele que não faz nada, só porque podia fazer muito pouco, é aquele que comete o maior erro. Vamos proporcionar às crianças todos os sorrisos que elas merecem…

Meio Mundo assistiu às cerimónias do 13 de Maio, dia em que foi comemorado um ano da trasladação do corpo da Irmã Lúcia desde as Carmelitas até ao Santuário de Fátima. O facto de ter sido num fim de semana, ajudou a que as pessoas, portugueses e do resto do Mundo, a unirem-se para assinalar este facto, e mostrar que a fé está intocável.

O Mundo está a mudar e parece que o Verão chegou em força! O imenso calor que se faz sentir, deve-se, em parte, à enorme camada de poluição atmosférica. Este ano contam-se pelos dedos, os dias em que choveu. E claro, o calor sentir-se-á cada vez mais forte e a seca será ainda maior. Estejam atentos e protejam-se. Este sol é traiçoeiro!

Caminhada Radical 2006

Finalmente a chuva deu-nos tréguas! O bom tempo alimentou-nos a esperança de que este ano a caminhada não iria ser tão custosa e as adversidades seriam menores. Puro engano!
Éramos seis (Ricardo, Andreia, Feliciano, Filipe, Marques e Alexandra) e partimos de Souto, em direcção à Serra da Freita, numa carrinha da Banda Musical. Em pouco mais de uma hora, desembarcamos
algures, relativamente perto de uma localidade denominada Carregal, pertencente ao Concelho de São Pedro do Sul. A partir daqui, estávamos por nossa conta e risco.
O objectivo inicial seria seguir a estrada, que passa em Manhouce, e seguir para São Pedro do Sul, mas depressa nos pusemos por atalhos e… em trabalhos! O início não podia ser pior. O caminho por onde seguimos era demasiado cansativo, devido, não só aos altos e baixos (naturalmente) mas também ao aspecto íngreme, com pedras soltas e buracos e também finito. Ou seja, o caminho terminou e tivemos de descer uma escarpa para conseguirmos alcançar um outro caminho que nos levou até junto de um riacho, onde se encontrava um pastor e o seu cão. Aproveitamos esse local para descansar um pouco e retemperar forças, pois o trilho continuava até à estrada. Já com algumas queixas musculares, continuamos a nossa marcha em direcção à povoação (Carregal). Ali chegamos, por volta da hora de almoço.
Após almoçarmos e descansarmos junto de uma pequenina capela, perguntamos a uns senhores rurais, que por ali andavam a laborar, qual o caminho mais fácil para atingirmos Manhouce, ao qual nos indicaram um atalho, que cortava imenso caminho – poupando a ida a Manhouce – que nos levaria ao Poço Negro, antes do lugar da Sernadinha. Maldita sina a nossa! Pusemo-nos a andar e à medida que íamos seguindo, constatávamos que nos estávamos a perder! Tomámos o trilho errado, que nos levou a um mato sem saída… Voltámos para trás, arranhados e suados (o calor sempre nos acompanhou nesta aventura!), e depois de muitas hipóteses colocadas (entre as quais, voltar à aldeia onde almoçámos, e retomar a estrada até Manhouce – pois seria mais fiável e seguro), encontrámos a vereda que nos tinham indicado (contudo, fomos a medo, porque não nos queríamos perder outra vez…) e descemos até ao “paraíso”! Uma fabulosa paisagem, a barragem no Rio Teixeira e uma albufeira com a água mais reluzente e limpa que se pode imaginar. Simplesmente lindo! Só de olhar, já nem sentíamos dores…
Paramos junto ao rio e tomamos banho. Mas que bem que soube! Porém, o pior ainda estava para vir…
Após a passagem da barragem, tínhamos que subir até Sernadinha. Cerca de 3 km a “escalar” a subida, quase vertical! E por baixo de um calor abrasador! Foi muito penoso… Até uma serpente (cerca de 30 cm!) se atravessou no nosso caminho!
Cerca de 40 minutos, foi o tempo que demorámos a subir até à aldeia. Apenas paramos no cimo e junto a um campo de futebol abandonado, onde existiam umas sombras, que nos foram muito úteis. Já na aldeia, abastecemos os cantis e rumamos em direcção a São Pedro do Sul, pela estrada principal. Eram já cerca das 16 horas, quando começámos a avistar habitações (partimos de Sernadinha cerca de uma hora antes), até que um “anjo” nos deu um “empurrãozinho” até São Cristóvão de Lafões. Aí lanchamos e exploramos a localidade. Ao longe avistamos um edifício, que parecia um convento, e que, porventura, poderia ser o local onde pernoitaríamos. Após uma longa descida até à Ribeira da Ladeira, e uma pequena subida, encontramos um cemitério e, no cimo de um pequeno monte, a Capela da Nossa Senhora da Boa Morte. Pelo nome, ficámos sem vontade de ficar por aquelas bandas…! Um pouco mais abaixo, encontrámos o tal edifício. Era o Mosteiro de São Cristóvão, onde se podia fazer turismo rural. Como o objectivo e o espírito da caminhada não envolvia mordomias (que não fossem dadas…), optámos por seguir caminho, e procurar leito noutro sítio.
Estrada acima, fomos caminhando, até avistarmos casas. Tínhamos acabado de chegar a Janarde. Também aí não tivemos sorte. Mas, como, “a sorte não se tem, procura-se”, numa localidade a cerca de 6 km de distância, Santa Cruz da Trapa, encontramos, junto a um campo de cultivo, o segundo “anjo” desta caminhada. O Sr. Armando, é este o nome do “anjo”, salvou-nos a noite, oferecendo um telheiro na sua magnífica quinta. Aí pernoitamos, junto dos animais – diga-se, devidamente colocados e separados – galinhas, cães, ovelhas, porcos… um destes tinha dado à luz (cerca de 10 porquinhos) poucos dias (talvez um) antes de termos chegado à quinta…
Após o churrasco, deitamo-nos exaustos. No rescaldo deste dia, para além dos cerca de 20 km percorridos, das paisagens belas e da ultrapassagem das dificuldades, ficou a sensação de dever cumprido. A primeira etapa tinha sido concluída com sucesso!
No segundo dia, 30 de Abril, levantamo-nos bem cedo, 7 horas, e após tomarmos o pequeno almoço, avançámos em direcção ao destino. Cerca de 10 km separavam-nos da meta inicialmente traçada. Ao longo desse percurso, tivemos oportunidade de encontrar várias pessoas, com quem íamos conversando. Atravessámos o Rio Varosa e o lugar do Freixo, até Serrazes, onde decorria uma festa religiosa local. Eram cerca de 10.30h quando tomámos a estrada que nos levaria definitivamente até às Termas de São Pedro do Sul. Após uma pequena pausa, para retempero de forças e massagem dos pés, chegámos às Termas.
Mas que lugar! Tinha tanto de esplendoroso como de chique. Tantos hotéis, tanta gente diferente. Nem parecia Portugal. A paisagem era arrebatadora! O Rio Vouga atravessando o centro, com jardins em seu redor, patos nas águas e um tempo espectacular, com o belo Inatel Palace, com um colorido rosa… Tudo fantástico! E até tivemos oportunidade de sentir a água das Termas nas mãos. Muito quente e com um cheiro (des)agradável a enxofre… Adorámos! Almoçámos e descansámos, junto ao rio. Foi aqui, que veio ao nosso encontro, o nosso amigo Rui. Que se revelou muito útil, e que, agradecemos desde já.
Como tínhamos ficado maravilhados com as Termas de São Pedro do Sul, e o centro da cidade ficava a 6 km, decidimos procurar outras ares.
Partimos em direcção a Vouzela, na esperança de encontrarmos lugar para dormir. Percorremos cerca de 6 km até a esta vila, bastante bonita. Aqui destacámos a antiga ponte dos caminhos de ferro e a Capela da Nossa Senhora do Castelo. A paisagem lá do cimo era simplesmente ofegante! Conseguíamos ver o local de onde tínhamos partido de manhã, Santa Cruz da Trapa e ainda as Termas. Só de ver a distância que tínhamos percorrido, até nos doíam os pés…! De destacar que esta Capela distava de cerca de 7 km de Vouzela, em subida, pelo que apenas dois de nós, juntamente com o Rui, de carro, foram à procura de abrigo neste sítio, e no parque de campismo ali ao lado. Não tivemos as respostas que pretendíamos e voltamos para trás, de regresso a Vouzela.
Novamente de mochila às costas, já doridas, partimos em direcção a Oliveira de Frades. Cerca de 10 km e 2 horas após, e depois de nos refrescarmos numa pequena fonte, junto à estrada, alcançámos o destino. Qual não foi o espanto, e alegria, quando o Rui nos disse que tinha conseguido lugar para dormirmos… Nada mais, nada menos, do que o Quartel dos Bombeiros Voluntários de Oliveira de Frades! E gostámos tanto da hospitalidade, que só temos duas palavras para eles: Fantásticos e Obrigado!
Antes de nos deitarmos, fomos jantar a uma churrascaria (ui, que saudades!) e esticar um pouco as pernas. Afinal, tínhamos percorrido cerca de 35 km neste dia…
Na manhã seguinte, e depois de uma noite descansada e confortável (muito mais do que na quinta, em Santa Cruz da Trapa), demos uma volta, para conhecermos um pouco de Oliveira de Frades. É uma cidade bastante organizada e tem uma igreja fenomenal! Foi inaugurada a apenas 6 anos e tem umas instalações muito bonitas e modernas. Tem uma pequena biblioteca, confessionários, salas de orações, etc. É um edifício muito bonito, que aconselhamos a visitar.
De novo no centro, no jardim, esperamos pelo nosso transporte, que nos levaria de regresso a Souto. Eram cerca das 11 horas quando a carrinha da Banda da Musica de Souto (obrigado pela disponibilidade), nos apareceu diante dos olhos, para nossa felicidade!
Depois das despedidas aos bombeiros, pusemo-nos à estrada e em pouco mais de uma hora chegámos a casa.
Foi mais uma experiência gratificante, e de demonstração de camaradagem e de coragem. Para o ano, se não for ainda neste, há mais.

Agradecemos, mais uma vez, à Banda Musical de Souto, ao Sr. Armando, aos Bombeiros Voluntários de Oliveira de Frades, ao Rui e a todos aqueles por quem nos cruzámos e que nos prestaram auxílio. Bem haja a todos e muito obrigado!